Profª. Gisela Umbuzeiro
Bióloga formada pela Unicamp, mestre e doutora em Genética e Biologia Molecular pela mesma instituição. Realizou pós-doutorado no NationalInstituteof Environmental Health Sciences (NIEHS) e na Environmental Protection Agency (EPA) dos Estados Unidos.
1. O que a levou a escolher a Biologia?
Escolhi a Biologia quando cursava o Colégio Técnico (curso Tecnologia de Alimentos), onde me interessei pela Microbiologia. Aí, ao entrar na universidade, vi que de microbiologia o curso não tinha quase nada. Quase desisti, pois não gostava de Zoologia e Botânica, que eram o forte da área. Mas quando tive meu primeiro curso de Genética me apaixonei. Comecei então a trabalhar com melhoramento genético na era do pró-álcool. Fiz mestrado nessa área e no início do doutorado fui contratada pela CETESB para desenvolver o teste de Ames, que havia sido recém implantado (1986) e assim comecei a trabalhar com Genética Toxicológica. Em 1999, passei a orientar no programa de Toxicologia e Análises Toxicológicas da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da USP e fui aprendendo toxicologia e ensinando genética e assim acabei virando uma toxicologista ambiental.
2. Com o que você trabalha atualmente?
Sou professora e pesquisadora da Faculdade de Tecnologia da Unicamp e credenciada na USP nos cursos de pós-graduação da Faculdade de Medicina e de Ciências Farmacêuticas.
3. Quais as diferenças, ou semelhanças, você encontrou em trabalhos desenvolvidos em uma organização estatal ou uma instituição de ensino?
A pesquisa aplicada sempre foi minha paixão. Lembro que, logo que me formei, tive uma discussão com um professor titular da Genética, que dizia que pesquisa aplicada não era pesquisa e isso me deixou muito enfurecida… Acho que venho tentando provar o contrário ao longo de toda minha vida. Então, a CETESB do passado fazia muita investigação dessa forma. Porém, ao longo dos anos, a empresa começou a cumprir cada vez mais o papel de agência reguladora ( licenciamento e controle) e a fazer menos pesquisa em tecnologia ambiental. Ao mudar para a Unicamp, apenas me sinto dando continuidade na minha pesquisa aplicada, porém agora com muito mais liberdade de escolha e com a chance de ensinar ao mesmo tempo, o que é fascinante.
4. Na sua opinião, quais os principais desafios, especialmente no Brasil, para se desenvolver estratégias e critérios ambientais que protejam a saúde humana e o ecossistema diante dos riscos das atividades econômicas não sustentáveis?
O Brasil está avançando muito em alguns setores, mas não como seria
necessário na área da Toxicologia Ambiental. A maioria dos profissionais que atua na área ambiental não sabe a diferença entre risco e perigo, e isso leva a grandes confusões entre os atores envolvidos na questão. Esse foi um dos motivos que me fez migrar para a Universidade, criar um pouco mais de massa crítica na área de toxicologia, que á base para a derivação de critérios ambientais efetivos e adequados para nosso país. Além disso, tenho insistido muito que precisamos de métodos definidos para derivação dos nossos próprios critérios ambientais.
necessário na área da Toxicologia Ambiental. A maioria dos profissionais que atua na área ambiental não sabe a diferença entre risco e perigo, e isso leva a grandes confusões entre os atores envolvidos na questão. Esse foi um dos motivos que me fez migrar para a Universidade, criar um pouco mais de massa crítica na área de toxicologia, que á base para a derivação de critérios ambientais efetivos e adequados para nosso país. Além disso, tenho insistido muito que precisamos de métodos definidos para derivação dos nossos próprios critérios ambientais.
5. Na sua visão, já há uma preocupação, tanto da inciativa pública quanto da privada, em se investir em prevenção e análise dos impactos ambientais, antecipando-se a problemas com a saúde do trabalhador, das comunidades envolvidas e do próprio meio-ambiente?
As empresas maiores têm mostrado uma grande preocupação e até uma vontade de acertar, mas na minha opinião o nosso arcabouço técnico-legal ainda requer um amplo entendimento dos atores para que as discussões e soluções adequadas aconteçam. Falta conhecimento em áreas como avaliação de risco toxicológico, eficiência de tratamento, entendimento de capacidade de suporte ambiental, entre outros assuntos, para que as ideias saiam do nível de projeto nas empresas e passem a ser realidade, ou seja, se transformem em ações que efetivamente previnam danos ao ambiente.
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